segunda-feira, 19 de março de 2007

Viver

I

Esta é a história de 2 sementes que o vento trouxe e que, ao acaso, terminaram a sua viagem no mesmo pedaço de Terra.

Durante muitos anos cresceram, tornaram-se árvore, mas não sabiam que estavam lado a lado.

Numa tarde de Setembro uma brisa soprou, soprou forte... Os seus ramos tocaram-se e pela primeira vez souberam que não estavam sozinhas. A princípio algo estranho, depois viciante.

Ansiaram por outra brisa, mas esta tardou uma semana em chegar.

Tocaram-se de novo e de novo não queriam largar. A vontade era tanta, o sacrifício tão grande, que folhas de cada uma eram literalmente trocadas num bailado harmonioso a que nada conseguia ficar indiferente, sendo depois acarinhadas como se de um tesouro se tratasse enquanto a brisa não voltava, numa doce espera que as fazia querer viver.

Assim continuaram até que um dia uma delas não aguentou mais e contou ao vento o que se passava pedindo-lhe que se manifestasse mais vezes. Nesse momento algo aconteceu... Ainda hoje não se sabe porquê, mas no dia seguinte uns homens vieram e cortaram-lhe os ramos e a brisa não mais apareceu.

Durante longos meses as árvores procuram-se, mas por mais que tentassem não se encontravam. No meio de uma dor empurrada pela incerteza do re-encontro, seiva escorria-lhes pelos troncos... Ficaram tristes e fracas, queriam morrer. Refugiando-se numa esperança quase doentia, foi o tempo que ironicamente as tornou a juntar.

Um dia de Março as suas raízes tocaram-se. Elas sentiram-se de novo. Encontraram-se pelo princípio de tudo... Agarraram-se, beijaram-se, perdoaram-se por terem fraquejado no seio do desespero. Juraram não mais permitir que algo as separasse.

Ainda hoje estão unidas no solo que as alimenta. Ainda hoje se abraçam ao acordar, ao deitar, no meio de tudo.

II

Um dia comentei que o Amor só pode ser infinito e livre de barreiras.
Alimento para o Espírito, indefinível por natureza, senti-o com uma força imensa naquele momento.
Ao abraça-lo, estimá-lo, acariciá-lo, torná-lo parte de mim percebi que era ainda mais, que todos os dias era mais, que não ia ficar por ali. E, diga-se... Ainda hoje é assim.

Músicas que me acompanharam:
Alex Ubago & Amaia Montero - Sin Miedo A Nada (CD: 21 meses, 1 semana y 2 días, Faixa 06) (I)
Enya - Watermark (CD: Watermark, Faixa 01) (II)

Frases do Dia:
"Love is like Pi: natural, irrational and very important." (Lisa Hoffman)
"Nothing is more priceless then following your heart and nothing is more luxurious then finding happiness." (Avenue Montaigne Film Trailer - THINKfilm 2007)

Escrito por: Sonhador, uma das 2 Sombras!

2 comentários:

Anónimo disse...

Algo me diz que o primeiro toque, a primeira brisa... foi a melhor. E algo me diz, também, que aquela semana que foi ansiosamente esperada por outra brisa, foi a mais longa até hoje.
:)

E concordo. Amor só pode ser infinito.
Na minha opinião não existe meio termo para essa palavra: ou se ama, ou não se ama.

Abraço e beijo, respectivamente.
Brisa: De nada, é um prazer enorme ajudar e contribuir como puder! :)

Anónimo disse...

Acertaste! ;)

Obrigado pelo teu comentário my friend, tu sabes o que isso significa para mim! ;)

Um forte abraço!